segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cecília




Quero deixar esse espaço dedicado a minha mais pequena de estatura, mas tão grande em coração: querida avó, de quem herdei o nome e por quem tenho estima e grande admiração.
É uma pena que os nossos caminhos nem chegaram a se encontrar, mas tenho em mim as marcas de seus exemplos, contados pelos seus maiores amigos, de uma terra que não lhe esquece e de um povo que jamais deixará morrer a sua memória.

Com a palavra Eloi Alexandre Dias Martins (meu irmão) que conseguiu num só poema reunir todas as suas lembranças.



EPITÁFIO DE CECÍLIA

Ao findar o último arco do sol,
Um negro foragido grafou
em árabe à falecida ama portuguesa;
vê-se na lápide as letras encarvoadas:

"Em louvor ao inevitável desvaneceu
Cecília; nascida a mais miúda de
estatura, nunca foi miúda no desejar.
Corcunda, sim, pitava igual às negras.

Os admiradores, se os têm, que rezem louvores,
em lembranças dos humanos feitos seus,
pois dada a zelos de filhos alheios, forasteiros
ela o merece com efeito.

Avoadores, suspiros e sonhos
desprezou como alimento consolador,
e aos sessenta e nove anos abandonara a vida,
legando ao seu negro o desamparo" (Eloi Alexandre)








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