terça-feira, 9 de novembro de 2010

A eterna herança do ser

Rostos atravessados por máscaras que escondem uma solidão e sentimentos podres que existem dentro do mais profundo da alma do ser.
O homem hoje não passa de mais um mascarado que dança e desfila de um lado a outro no interminável baile de máscaras que transformamos a vida. Falsos. Hipócritas. Dissimulados. Trazemos em nós a herança de uma máscara, a herança das mais podres heranças de sermos homens, de sermos aquilo que por toda uma vida tentamos evitar ser sendo.
Uma folha seca que vaga através da força do vento, impecável folha, desvalorizada, solta do tronco que lhe produz vida, porém bem menos fiel a esse vento que lhe carrega do que o homem fiel à mascara que lhe castiga, que lhe estereotipa  e lhe faz apenas mais um dançarino. Não conseguimos enxergar rostos por trás de máscaras econômicas, políticas, sociais, religiosas, étnicas, profissionais, escondidas, disfarçadas.
Trazemos em nós a herança de uma máscara que nos faz ter vontade de fugir de todo sentimento, que não nos dá a coragem de dizer nada, nem de lutar, nem de fugir. Perdemos o tempo mais lindo de nossa vida porque não queremos mais sonhar, esquecemos tudo o que sentimos por que sentimentos precisam de um coração. Mas vivemos ainda num tempo de esperanças, ainda que no ultimo momento, na ultima parada ainda vivemos num tempo de esperanças, num mundo de sonhos, numa encruzilhada de escolhas nas quais não podemos por muito tempo parar para escolher, pois precisamos parar de sugar-nos uns aos outros e de beber à saúde de seus reis, esquecer de que somos máscaras e lembrar de que somos homens.


(Eloísa Cecilia)

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